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ILUSÃO
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Ilusão, 2020.

performance live streaming e tatuagem.

 
 

Eu sei ou quase sei,

Que estou lá ou aqui, pouco importa.

O mundo é uma ilusão.

illusion's wanderer, Orange Poem.

 
 
 
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Ainda no primeiro mês de quarentena, tentando entender a condição de confinamento e distanciamento social, necessárias frente à pandemia do COVID-19.

Estúdio fechado e sem tatuar por tempo indeterminado. 

E tem algo no confinamento que me faz pensar em tatuagem (e sobre essa relação escrevi recentemente aqui), pois me intriga que muitas vezes é nesse tempo confinado que surge uma vontade íntima que escapa aos limites - algo de dentro que ser posto pra fora, e encontra uma forma de atravessar a pele para se tornar visível ao mundo.

Para fazer uma tatuagem é simples, basta perfurar a pele com a agulha embebida de tinta e pronto: marca indelével no corpo. Foi assim que há 17 anos fiz, sozinho em casa, minha primeira tatuagem, sem nunca ter ido a um estúdio ou visto alguém fazer.

Dessa vez construí uma máquina com os materiais que dispunha em casa e transmiti ao vivo pela internet, abrindo o ritual íntimo à observação.


 
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Eu e o público somos atravessados pela interface interativa do Instagram. Câmera e tela são meu espelho e, ao mesmo tempo que me vejo, me mostro sobreposto pelos comentários dos espectadores. É mediado por um aplicativo de celular que o eu se expõe aos outros

A ilusão de contato questiona a presença - ou distância, entre espectador e obra, da qual todo participante passa a ser co-criador ao interferir diretamente sobre o trabalho. 

Fragmentos da ação que teve seu lugar na virtualidade on line se tornam materiais. Gravado em vídeo e em meu próprio corpo.

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A performance condensa algumas questões vivenciadas e estudadas sobre confinamento e tatuagem, sobre como o íntimo e o pessoal dialogam com o coletivo, e a relação da presença e interação durante uma performance, aqui deslocada ao campo virtual da telepresença. É também referência à minha primeira experiência com tatuagem e aos confinados que historicamente repetem o gesto de criar ferramentas e maneiras para se ter visível no corpo seus mais internos desejos.

O mundo é uma ilusão.
afirmação e dúvida. 

Escrita traçada com tinta e sangue, sobre um corpo que quer se tornar documento da própria vida. Registro de um acontecimento que tenta permanecer tão durável e efêmero quanto o corpo que o carrega.


 
 
 
 
 

esse trabalho aparece na Revista Rebento, disponível aqui.

 
 
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